sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ensaio curto - modelo

ANÁLISE DE ENSAIO CURTO
Após a leitura atenta do ensaio curto abaixo transcrito, responda as questões que seguem.

                                           Eutanásia - direito ou ilegalidade?
Tema recorrente nos dias atuais é a questão que trata da legalização ou não da eutanásia. Doutrinadores e pensadores se digladiam na defesa de suas teses. Em muitos países, este procedimento já foi permitido sob a égide da lei. Os críticos da "boa morte" sustentam o velho e batido argumento de que ninguém tem o direito de tirar a vida de outrem, incrementado agora com o crescente avanço da medicina, que tem permitido uma sobrevida cada vez maior e verdadeiros milagres. Porém, tais assertivas não merecem ser acolhidas, pois a eutanásia é uma das poucas formas de amenizar a dor e o sofrimento das pessoas que se encontram em estado terminal, devendo ser legalizada para que se torne um direito.
o há dúvidas de que a legalização da eutanásia precisa ser vista com minúcias e com  extremo rigor para que não seja utilizada de forma desenfreada e sem limites, transformando-se em uma verdadeira forma legalizada de assassinato. Ademais, a eutanásia não poder servir apenas como meio de redação das despesas do Estado ou, então, como forma de enxugar as sua legalização, uma vez que são indiscutíveis os benefícios que este processo pode trazer não só ao moribundo que dela necessita, mas também a toda sua farm1ia.
Se utilizada de forma controlada e rigorosamente nos ditames da lei, a eutanásia poderá .ser uma eficiente arma para conquistarmos o direito a uma morte digna e sem sofrimento. Diuturnamente, observamos casos de pessoas que vivem por anos como vegetais, sem nenhuma perspectiva de melhora ou recuperação, e outras que até mesmo imploram por sua morte. Isso acaba causando uma desestruturação em toda farm1ia, que por anos tem de conviver com a dor de apenas aguardar o dia da morte do ente querido, sem contar nas vultosas despesas para a manutenção de sua "vida". A eutanásia pode ser a solução para todos esses sérios problemas.
Realmente há situações em que pacientes já condenados se recuperam surpreendentemente, contrariando os pareceres médicos. Porém, tais casos são raros e isolados, não podendo servir de fundamento para não se permitir a legalização da eutanásia, obrigando que outros milhares de moribundos permaneçam anos sofrendo em um leito de hospital.
Devemos ter em mente que não se pode tomar a exceção como regra. Se toda exceção fosse plausível para obstar um direito, certamente nunca conseguiríamos elaborar regras gerais e abstratas.
Em se tratando de Brasil, a legalização da eutanásia poderia encontrar suas bases na própria Constituição Federal, a qual assegura expressamente em seu artigo 5°, inciso III, que "ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante". Manter uma pessoa sofrendo durante meses, ou mesmo anos, contra sua vontade, sem que haja nenhuma perspectiva de recuperação, obviamente é uma forma de tortura e, mais do que isso, sem sombra de dúvida configura-se um tratamento desumano, o que é veemente proibido por nossa Carta Magna.
Dessa forma, além de encontrar embasamento na Lei Maior Pátria, a eutanásia trará uma série de benefícios, não só aos pacientes que, através dela, evitarão um imenso e prolongado sofrimento, mas também às suas farm1ias. É notório que é conditio sine que non para a legalização deste procedimento uma legislação bem elaborada e rígida, a fim de que não sejam permitidos abusos ou desvirtuamento de seus fins dignos e humanos, mas é fundamental que a legalização desse procedimento ocorra o mais breve possível.
Luiz Gustavo Borges Carlosso - estudante de Direito. Ensaio Curto. UNlFRA. 2005
(texto com adaptações).

QUESTÃO 1
Toda produção de um texto parte da escolha de um TEMA, o assunto espefico sobre o qual o texto se desenvolve. Para que o texto seja compreendido pelos potenciais leitores, é fundamental que o autor mantenha, em todas as partes do texto, a temática a que se propôs abordar. Para isso, é fundamental que sejam selecionadas palavras e expressões que se mantenham no mesmo campo semântico do tema, ou seja, que seja feita a recorrência das PALAVRAS-CHAVE que remetem ao tema (PILAR, 2(01).
As palavras-chave do tema podem ser retomadas ao longo do texto por meio de diferentes recursos de linguagem, como:
- repetição da palavra-chave;
- sinônimos;
- antônimos;
- palavras do mesmo campo semântico (hipônimos e hiperônimos);
- pronomes pessoais, demonstrativos, relativos, possessivos.

a) Destaque as palavras-chave do ensaio curto abaixo.
b) A partir das palavras-chave, responda: qual é o tema do ensaio em questão?

QUESTÃO 2
Após identificarmos o tema abordado num texto, é importante buscarmos reconhecer o posicionamento de quem escreveu o texto, ou seja, qual é o seu ponto de vista sobre o tema. Para isso, é importante identificarmos a TESE defendida pelo autor. Para marcar seu posicionamento no texto, o autor pode utilizar alguns recursos de linguagem, que, segundo Pilar (2001), são as MARCAS DE AUTORIA, a saber: uso de pessoas do discurso, índices de avaliação e modalidades epistêmicas ou deônticas.
Detemo-nos agora no uso das pessoas do discurso.
A impessoalidade, por exemplo, se presta a indicar a omissão do autor no contexto analisado. Esse recurso lingüístico é conveniente para referir situações fora do contexto do autor. Para isso, conjuga os verbos na terceira pessoa (em voz ativa ou passiva analítica e sintética, ou ainda sujeito indeterminado) com a finalidade de destacar apenas o assunto tratado, sem se comprometer diretamente com o que enuncia.
Porém, em outros contextos, o autor pode evidenciar sua presença no texto. Uma das formas de o autor manifestar-se no texto é o emprego da primeira pessoa do singular. Para isso, é pertinente levar em conta o lugar ocupado pelo autor no contexto, pois quando diz EU, o autor assumindo uma autoridade diante do que declara. Tal autoridade é legitimada por suas experiências pessoais e/ou profissionais. Um médico, por exemplo, tem conhecimento técnico e formação específica para marcar sua autoria em um parecer ou laudo médico, assim como um juiz de Direito, por exemplo, tem conhecimento de causa e, por conseguinte, autoridade para marcar sua autoria numa sentença judicial.
Quando o autor quer marcar não só a sua própria inserção no contexto, mas também a de outras pessoas, pode utilizar a primeira pessoa do plural - NÓS. O autor (EU) marca sua inserção no contexto analisado e, ao mesmo tempo, pode inserir o leitor (TU) ou uma terceira pessoa (ELE). Assim:
NÓS = EU + TU (autor e leitor) => NÓS INCLUSIVO (inclui o leitor)
NÓS = EU + ELE(S) (autor e terceira pessoa) => NÓS EXCLUSIVO (exclui o leitor).
c) Releia o ensaio curto. Verifique que pessoa( s) do discurso o ensaísta usou em seu texto e analise o(s) efeito(s) de sentido produzidos  em cada caso.

QUESTÃO 3
Outra marca de autoria que indica o posicionamento do autor no texto são os índices de avaliação (positivos ou negativos).
São usados índices de avaliação positiva quando o autor quer elogiar, demonstrar concordância com alguma idéia ou fato.
Quando quer criticar, demonstrar desaprovação, discordância, o autor seleciona índices de avaliação negativa.
d) Procure no ensaio curto em análise palavras e expressões que avaliem positiva ou negativamente seu referente.

QUESTÃO 4
O modo como o autor diz alguma coisa também pode sinalizar seu posicionamento sobre o tema. Há dois modos de dizer:
v    Modalidade epistêmica: indica uma gradação do que é CERTO, conhecido, ao que é POSSÍVEL, incerto - eixos do SABER e do CRER, respectivamente. Quando utiliza palavras e expressões como "com certeza", "sem dúvida", "certamente", "de fato", "realmente", etc., o autor imprime uma idéia de certeza ao seu enunciado (ele sabe; logo, é verdade). Por outro lado, quando quer marcar DÚVIDA, HIPÓTESE, PROBABILIDADE, POSSIBILIDADE sobre o que declara, o autor utiliza palavras e expressões como "talvez", "é possível", "provavelmente", "possivelmente", "poder", "acreditar", "é provável", " crer", etc.
v    Modalidade Deôntica: quando quer salientar o que se DEVE pensar ou fazer, dando idéia de
NECESSIDADE, o autor usa palavras e expressões como "deve", "é necessário", "é obrigatório", "é preciso", "tem de", "é imprescindível", "necessariamente", etc.
e) Destaque, no ensaio curto em análise, palavras e expressões que modalizam o discurso para o eixo do CRER ou do SABER (modalidade epistêmica).
f) Destaque, no ensaio curto em análise, palavras e expressões que modalizam o discurso para o eixo do DEVER (modalidade deôntica).

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